Um pouco da história do Movimento Slow Medicine Brasil

dezembro 22, 2017
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Por José Carlos Campos Velho:

Dia 9 de dezembro de 2017, os colaboradores da iniciativa Slow Medicine Brasil, a Medicina sem Pressa, reuniram-se para confraternizar e comemorar mais um ano de nossa caminhada no Brasil. O local escolhido foi o restaurante Stefano, localizado em São Roque, São Paulo. Por que este lugar? Bem, é comida do Piemonte, região da Itália que é o berço do Movimento Slow Food e da Slow Medicine, onde se localizam as cidades de Bra e de Turim, quartel-general destes  dois movimentos.

Voltando um pouco no tempo, 2014 marca a chegada da expressão Slow Medicine na mídia brasileira, quando o livro “O doente imaginado” foi publicado, culminando pela primeira visita de Marco Bobbio ao Brasil, quando foi tema de entrevista nas Páginas Amarelas da Revista Veja. Em 2015, o evento “Análise Crítica da  Prática Médica”, realizado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, sob a coordenação Prof. Dario Birolini e do Dr. Alfredo Salim Helito, consolidou a necessidade de organização de um trabalho voltado a divulgação desta filosofia no país.

Por outro lado, no ano de 2010, o Dr. José Carlos Campos Velho havia travado contato com as ideias do Dr. Dennis McCullough, no Congresso Americano de Geriatria, realizado em Orlando. McCullough foi o grande divulgador da Slow Medicine nos EUA, pensando principalmente em sua aplicação no contexto do cuidado ao idoso.

Da confluência destas correntes, foram dados os primeiros passos para a criação de um canal de comunicação que permitisse a divulgação sistemática destes conceitos em língua portuguesa.

Para marcar o final do ano de 2017, resolvemos fazer uma retrospectiva de nossos passos, desde abril de 2016, data da publicação do Site Slow Medicine Brasil, uma iniciativa dos médicos Dario Birolini, José Carlos Campos Velho e Kazusei Akiyama.

Nosso portal, Slow Medicine Brasil, é hoje um dos principais divulgadores da filosofia e dos princípios da Slow Medicine no mundo. Provavelmente agrega o maior número de informações sistematizadas, em qualquer língua, sobre o movimento que traduzimos para o português como Medicina sem Pressa. No decorrer do ano mantivemos a média de uma publicação semanal, nas diferentes categorias em que é organizado o site: Reflexões, Artigos Comentados, Opinião do Especialista, Resenhas de livros e filmes, Entrevistas, entre outras. São mais de 100 posts com conteúdos originais sobre Slow Medicine. Um deles, “O Direito ao Luto sem Pressa”, escrito pela psiquiatra Ana Célia de Souza, teve mais de 8000 acessos. Com nossa colaboração, expressões como Choosing Wisely, Slow Medicine, Medicina sem Pressa,  Overdiagnosis, Overtreatment, Desprescrição, Menos é Mais, Fazer mais não significa fazer melhor,  Sóbria, Respeitosa e Justa,  Right Care, Cuidado Apropriado, tem sido veiculadas na mídia e nas redes sociais e vem passando a fazer parte do vocabulário médico.

Desde sua publicação, tivemos cerca de 75000 acessos ao site, mais de 60000 no Brasil e 10000 em todos os continentes, com uma média diária de 250 acessos. Estamos presentes nas redes sociais, com mais de 2000 curtidas em nossa página do Facebook. Ainda no Facebook temos 2 grupos, Slow Medicine – a Medicina sem Pressa e Slow Geriatrics Brasil, a Geriatria sem Pressa, com 1180  e 308 participantes, respectivamente. Estes grupos são constituídos principalmente por demanda espontânea, com boa parte de seus membros formadores de opinião, vinculados à área de saúde.

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Nosso Canal no YouTube conta hoje com 112 seguidores e 12 vídeos, parte deles produções originais, com a competente ajuda da cineasta Julia Rufino. O vídeo do cardiologista baiano Luis Correia, professor de Medicina Baseada em Evidências conta com 4.5 mil visualizações, a entrevista com o Prof. Dario Birolini teve 2.4 mil visualizações e a palestra de Marco Bobbio no lançamento da Slow Medicine Brasil na FMUSP está próxima de 900 visualizações. Marcamos presença no Twitter e no Instagram. A nossa Newsletter hoje chega semanalmente para mais de 500 pessoas.

Estivemos presentes na mídia, tanto impressa como digital, na televisão, no rádio e na grande imprensa. Com muita honra, participamos com um capítulo no livro de Vera Bifulco sobre Cuidados Paliativos.

Temos tido participação em inúmeros eventos acadêmicos, em importantes centros universitários, como nos Serviços de Cirurgia e no Instituto de Psiquiatria do HCFMUSP, Faculdades de Medicina do ABC, Santos, Joinville, Alfenas, Petrópolis, UNIFESP,  Santa Casa de São Paulo, PUC/Curitiba e  Universidade de Pernambuco. Foram proferidas palestras em hospitais públicos e privados, como a Beneficência Portuguesa de São Paulo, Hcor, Hospital Santa Catarina, Hospital Alemão Oswaldo Cruz, UNIMED Recife, Hospital Sírio Libanês, Hospital de Itaperuna/RJ e Hospital do Trabalhador, em Curitiba.

Outros congressos onde marcamos presença:  Instituto Brasileiro para a Segurança do Paciente,  Congresso do IAMSPE , 8º CISCA, Congresso Brasileiro de Clínica Médica, Médicos SA, Conecta Saúde, este último com a presença de Marco Bobbio. O professor Dario Birolini falou sobre Slow Medicine em congressos na área de Cirugia Geral e do Trauma, em Minas Gerais, Brasília e Montevideo, bem como no XXXII Congresso do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, além de entrevistas para sociedades de especialidades como Otorrinolaringologia e Neurocirurgia.

Organizamos 2 encontros este ano, com o apoio do Departamento Científico da APM (Associação Paulista de Medicina): Choosing Wisely e Slow Medicine – Caminhos Compartilhados, em maio e Slow Medicine – A Medicina sem Pressa, em outubro.

Congresso Italiano de Slow Medicine e Vikas Saini – Lown Institute

De nota, uma extensa colaboração internacional, através de artigos originais bilíngues publicados no site, de Ladd Bauer, Victoria Sweet, Pieter Cohen, Marco BobbioAndrea Gardini e Yung Lie, representantes do Movimento Slow Medicine no mundo. Estivemos presentes no IVº Congresso Italiano de Slow Medicine, na pessoa do Dr. Massimo Colombini Netto e plantamos uma semente para uma parceria com a instituição americana Lown Institute, organizadora da Alliance for Right Care, em uma conversa informal com o dr. Vikas Saini, cardiologista e presidente do Instituto.

Ainda tivemos a alegria de colaborar com o Movimento Slow de Portugal, escrevendo o capítulo sobre Slow Medicine no livro publicado em Portugal pela antropóloga portuguesa Raquel Tavares, “Slow, as coisas boas levam tempo”.

Como afirmou Confúcio, “se queres prever o futuro, estuda o passado”. Debruçados sobre nossas realizações, podemos perceber que foi um ano profícuo para a iniciativa Slow Medicine Brasil. Agregamos novos simpatizantes e, principalmente, novos colaboradores. Começamos a trilhar caminhos mais sólidos. Nossa proposta é avançarmos, não mais como uma iniciativa. Através da construção coletiva, pela concorrência  de mais mentes e mais braços, optamos por nos apresentarmos com uma nova roupagem, cujo significado não é apenas semântico, mas o reflexo da capilarização de nossos princípios entre os profissionais de saúde e a sociedade: nasce o Movimento Slow Medicine Brasil. Mãos à obra. Nossa tarefa é hercúlea: de braços dados com inúmeras iniciativas que conjugam os mesmos objetivos, buscamos mudar paradigmas e hábitos arraigados, tendo como objetivo um cuidado médico mais humano. Uma transformação cultural de valores. Não é demais repetir: uma Medicina Sóbria, Respeitosa e Justa, onde fazer mais, não significa fazer melhor.

1 comentário

  1. Lembro-me quando recebi de você, José Carlos, em abril de 2016, a divulgação do site por e-mail e imediatamente me identifiquei com os princípios da Slow Medicine. De lá para cá, numa rápida e intensa trajetória, a filosofia adquiriu adeptos e se impôs como um apelo emergente e urgente para os dias atuais. Uma necessidade imperiosa para nós e para quem cuidamos. Se de alguma forma nos identificamos com essa filosofia é porque já há tínhamos dentro de nós e precisávamos de ecos que fossem ouvidos. Parabéns José Carlos, por ser o mentor brasileiro desta pós pós modernidade, como escreveu Professor Afonso Carlos Neves e por dar continuidade com brilhantismo, seriedade e envolvimento nessa proposta, um caminho sem volta para o bem da saúde brasileira. Vejo seu trabalho ZC espelhado nas palavras Fernando Pessoa:
    Para ser grande, sê inteiro: nada
    Teu exagera ou exclui.
    Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
    No mínimo que fazes.
    Assim em cada lago a lua toda
    Brilha, porque alta vive

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