Le parole della medicina che cambia – un dizionario critico

fevereiro 26, 2018
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Por Olívia Meira Dias:

Seja para iniciantes ou veteranos em Slow Medicine, este livro é recomendadíssimo. Apesar da disposição dos capítulos como verbetes em um dicionário, a leitura é agradável e fluída. Escrito por alguns dos mais renomados autores do Slow Medicine, como Giorgio Bert, Marco Bobbio, Antonio Bonaldi, Silvana Quadrino e Sandra Vernero, a idéia é  organizar e expor conceitos, principalmente àqueles ainda não familiarizados com esta prática.

Assim sendo, a Slow Medicine não deriva da tradução literal da junção de duas palavras (“Medicina Lenta”), muito pelo contrário: não se trata de um conceito “cronológico”, mensurável em segundos, minutos, horas – trata-se do tempo justo para uma situação particular, única, inédita como a de um encontro. Um movimento encabeçado não só por médicos, mas por cidadãos, pacientes e profissionais de saúde empenhados em renovar o sistema de saúde construindo um modelo compartilhado, baseado nas boas práticas médicas com sustentabilidade, eqüidade, atenção ao indivíduo e ao ambiente. Dentro deste âmbito se desenvolve o conceito de uma “rede de idéias em movimento”. Nada é estanque ou definitivo na Slow Medicine, mas cada conceito se caracteriza como um mapa tênue de um percurso que vem sendo construído, ainda que ignorado em alguns trajetos, lábil e provisório. A ciência desta ignorância obriga aos autores a serem humildes, evitando a arrogância de “portadores do conhecimento”.

São reforçados alguns conceitos do manifesto da Slow Medicine, como o da cura sóbria, respeitosa e justa. A complexidade dos sistemas e a necessidade de uma visão mais sistêmica, holística e universal, e não mecânica, determinística e linear, onde palavras, valores, sentimentos, emoções, fatores psicológicos e espirituais são levados em conta na relação entre médico e paciente.

Assim sendo, este movimento permite o encontro de experiências, onde o médico detém o conhecimento dos dados clínicos, mas o paciente é o melhor mestre de suas próprias experiências. Não se trata de uma “doutrina” que busca fiéis nem adeptos, mas pessoas capazes de construir e manter relações de vínculo e confiança, de autonomia e liberdade. Se constrói a ética das decisões, baseadas em uma escuta ativa, sem a dualidade de decisões boas ou más. O médico não perde espaço, mas é valorizado na sua posição profissional. Dado o âmbito assimétrico desta relação, cabe ao médico garantir a gestão de conflitos, sem que isso implique a aceitação passiva das requisições ou de seu papel nesta relação. Até mesmo o erro passa a ser encarado como algo admissível, passível de aprendizado e prevenção.

Por ser uma relação entre seres humanos, são sujeitas a uma série de conflitos e complexidades. Em um contexto amplo, vivemos um mundo envolto em inovações tecnológicas, mas permeado por interesses econômicos. Onde condições fisiológicas são encaradas como doenças, alterações clínicas sem impacto são super diagnosticadas (Overdiagnosis), e exames complementares são solicitados como método indissolúvel para exterminar as incertezas, criando-se uma pressão pelo consumismo no âmbito da saúde.  Onde o sistema público de saúde se vê obrigado a balancear a sobriedade na oferta e uso de recursos para garantir a acessibilidade. Fazer muito não significa fazer melhor. Nem sempre os guidelines e estudos clínicos podem ser extrapolados para pacientes da vida real. Nem mesmo a última evidência é o melhor para o paciente. Justamente na Medicina, em que estima-se que somente um terço das “evidências científicas” é derivada de estudos verdadeiramente embasados.

Seria um erro apontar que a medicina produza saúde, e que o equilíbrio saúde – doença seria um binômio onde um exclua o outro. Uma comparação mais justa para essa relação seria a figura do médico como um jardineiro, o paciente, uma planta; o doente não é comparado a um carro a ser ajustado por um mecânico, mas uma relação onde o doente também sugere, o médico opina, há troca, reciprocidade, harmonia, equilíbrio. A medicina assemelha-se assim a uma narrativa, onde é possível individuar a essência de cada paciente e fazer com que médico e paciente “ressoem” e escrevam uma história juntos.

O conhecimento não é somente o científico, mas também o humanístico, tão importante nas relações de cura. Aliás, a palavra cura na língua portuguesa seria melhor traduzida para o italiano como “guarire”. Mas a tradução da palavra cura em italiano é “cuidado”: este sim um significado mais apropriado, holístico e humano.

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Olívia Meira Dias: Fiz minha graduação pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas em 2006, inspirada por grandes profissionais que cuidaram da minha avó com um diagnóstico de câncer. Ninguém é médico na minha família. Sempre fui apaixonada pelo poder do diálogo na Medicina, e minha iniciação científica focou nas significações psicológicas do adoecer para pacientes fumantes com câncer de pulmão. Transferindo-me para São Paulo em 2007, fiz residência em Clinica Médica e posteriormente em Pneumologia pela Universidade de São Paulo. Atualmente sou médica Pneumologista no Instituto do Coração (Incor), no Hospital Sírio Libanês e atuo em consultório privado. Minha família é repleta de professores, e tenho paixão por ensinar (e aprender ao mesmo tempo nessa troca…) e pesquisa – também participo esporadicamente em cursos de pós graduação promovidos pelo Hospital Israelita Albert Einstein e defendo o doutorado neste ano. Nas horas vagas, sou corredora amadora, cozinheira e amante da boa culinária, estudante de italiano, apaixonada por fotografia e paisagens, e wanderlust incurável.

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