Entre os hospitais e o caos

fevereiro 20, 2024
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Por Ana Lucia Coradazzi:

“Há algo de podre no reino da Dinamarca.” Hamlet

William Shakespeare

Se um dia a gente ficar doente, precisamos apenas rezar para sobreviver ao hospital. O resto a gente tira de letra.” Ouvi essa frase de uma colega médica, horas depois de ter avaliado um paciente de quase noventa anos, internado no isolamento por suspeita de covid. A imensa frustração dela vinha do número bizarro de condutas insensatas, apressadas e até completamente erradas que eram evidentes no caso, descortinando a falta de discernimento da equipe de saúde que vinha prestando cuidados a ele. Não cabe aqui descrevê-las uma a uma ou fazer uma denúncia pública de um caso específico, porque a profundidade do episódio descrito é muito maior. De maneira geral, a medicina que vemos nos hospitais de hoje é mais ou menos isso: um emaranhado de avaliações afobadas, pautadas por pouco ou nenhum raciocínio clínico, nas quais a negligência ao contexto individual das pessoas é patente e onde proliferam pareceres de especialistas que se esmeram para enxergar apenas a parte que lhes cabe (quando muito). Mesmo quando há um médico específico responsável pelo caso, poucas vezes se vê neste papel um profissional disposto e capaz de alinhavar todas as pontas, construir diagnósticos coerentes, definir estratégias sensatas e, como um bônus, fazer tudo isso em concordância com os valores e expectativas do paciente e da sua família. Na prática, são muitas as partes que nunca resultam num todo.

Delineando o problema

Talvez seja difícil compreender a magnitude de um problema assim. Aos poucos, nos acostumamos a esse novo normal da medicina, a ponto de nem sequer percebermos que algo muito errado acontece nos corredores dos nossos hospitais. Nós aprendemos a restringir nossas avaliações, com menos perguntas, quase nenhum exame físico e apenas um esboço de raciocínio clínico. Também aprendemos a solicitar exames, muitos deles, principalmente se estiverem arrolados em algum protocolo institucional. Depois, desaprendemos a interpretar estes exames, que acabam respondendo a perguntas que nunca fizemos e que não interessam aos nossos pacientes. E, por fim, passamos a encontrar mais satisfação em ter uma prescrição complexa no computador do que em enxergar o alívio nos olhos de quem cuidamos. O amor pelas prescrições/condutas/exames chega a ser tão profundo que já vi colegas indo embora da enfermaria após entregar a papelada à enfermagem, esquecendo-se completamente de entrar no quarto para ver o paciente. Pobres de nós, que nos contentamos mais em propor condutas do que em ajudar pessoas. E isso é, sim, uma catástrofe.

A velocidade e a pressa

As insanidades hospitalares estão por todos os cantos. As salas de emergência estão abarrotadas de pacientes cujo diagnóstico se baseou em tão pouca informação que poderíamos supor que o médico foi quase um vidente ao fazê-lo. E é triste constatar que diagnósticos pouco criteriosos, incoerentes e até disparatados vão sendo registrados nos prontuários sem jamais serem questionados, partindo-se do princípio de que o que está escrito está sempre correto. Vai se formando uma cadeia infinita de outros diagnósticos e condutas que se sustentam em premissas errôneas, imprudentes e até mesmo mentirosas (não é raro encontrar descrições de exames físicos que nunca foram feitos, sinais vitais que foram copiados de outro profissional ou informações que o paciente jamais forneceu). Nenhum registro é averiguado, nunca se dá um passo atrás para considerar a possibilidade de um erro, um engano, uma falha. O cuidado ao paciente parece seguir um fluxo com vida própria, no qual basta acatar o que estiver escrito ou preconizado (e salve-se quem puder). Mesmo assim seguimos, alguns por preguiça e outros por ilusão, acreditando que no final tudo vai dar certo. Nem sempre vai. Se formos honestos, “dar tudo certo” é um desfecho cada vez mais improvável, e talvez tenhamos mesmo que contar com a sorte para sobreviver aos hospitais. Precisamos assumir nossa responsabilidade no processo.

Talvez a face mais cruel da tempestade caótica que se formou nos hospitais seja o olhar conformado dos pacientes para tudo isso. Perplexos, muitos nem sequer conseguem questionar o cuidado insuficiente que recebem, tamanha a complexidade das rotinas hospitalares. Criamos protocolos para absolutamente tudo, com parâmetros para mensurar nossa capacidade de cumpri-los e acreditações que beiram a insanidade, tudo em nome de aumentar a segurança e a eficácia da assistência às pessoas. Ao nos assistirem seguros e apressados, nos esforçando para cumprir todos os passos que nos são exigidos na rotina hospitalar, nossos pacientes se assombram com nossa capacidade impressionante de compreender tantas coisas complexas. Eles se constrangem por terem a sensação de estar em meio a uma verdadeira anarquia e, resilientes, confiam que sabemos o que estamos fazendo. Será que sabemos? Não é preciso um olhar tão perspicaz para perceber que as mesmas pessoas que deveriam se beneficiar das nossas estratégias padronizadas acabam perdidas em meio ao caos hospitalar, transformando-se em números e estatísticas. Pior: o (des)cuidado que recebem pode colocá-las em risco real de piorar sua saúde e – isso será doloroso de ouvir – matá-las mais rápido.

A utopia e a ilusão da tecnologia

Às vezes me pego pensando se houve um momento específico em que passamos a esquecer que os hospitais foram criados para que pudéssemos oferecer um cuidado mais abrangente, e não menos individual. Eram uma forma de concentrar as pessoas doentes num lugar só para que todas pudessem receber tudo de que precisassem, para otimizar os recursos humanos e os insumos e, principalmente, para que os profissionais da saúde pudessem partilhar seus aprendizados e acessar situações clínicas mais diversas. Em última instância, a alocação de pacientes nos hospitais permitia mais tempo para que os profissionais da saúde lhes prestassem cuidados, pensassem sobre seus casos, trocassem experiências entre si, observassem de perto a eficácia (ou fracasso) de suas condutas e, por fim, se tornassem profissionais mais capacitados. O que fizemos foi transformar os hospitais em templos tecnológicos, nos quais terceirizamos nossa capacidade de compreender cada caso para que o sistema se encarregue de resolver tudo. Delegamos a individualidade das pessoas aos fluxogramas hospitalares, não deixando a elas outra opção que não seja adequarem-se ao sistema. É assim que temos pacientes amargando horas infinitas de jejum para exames que “só puderam ser marcados todos num dia só”, ou aguardando horas para receberem um analgésico para suas dores excruciantes “porque é necessário preencher uma requisição especial para pegar a medicação na farmácia e a pessoa que faz isso está em horário de almoço”. Administramos medicações desnecessárias porque a prescrição “foi puxada do dia anterior e o médico não viu que essa medicação já tinha sido suspensa”. Negligenciamos os sinais de uma flebite porque “não tem como isso acontecer tão cedo, o acesso venoso foi colocado há apenas dois dias, e é para durar cinco”. Seduzidos que estamos por tudo o que o sistema hospitalar nos oferece, esquecemos que ele só faz sentido se nos mantivermos no controle, avaliando cada situação com o melhor computador de que dispomos para cuidar das pessoas: nossos cérebros (de preferência, com alguns aplicativos adicionais como empatia, interesse, humildade, compaixão). Ao abrirmos mão da nossa capacidade de raciocinar, nos aproximamos dos chimpanzés (exceto pelo fato de que os chimpanzés ainda demonstram alguma disposição para cuidar de seus companheiros, catando-lhes os piolhos). Os hospitais ofereciam cuidado, hoje vendem serviços. Pensando bem, há situações tão bizarras que talvez os chimpanzés fizessem melhor que nós…

O silêncio

A boa notícia é que hospitais, por mais que possa parecer, não têm vida própria. Não são dotados de uma inteligência suprema que domina os cérebros dos profissionais da saúde e os priva do livre arbítrio e da capacidade de pensar. Esse papel é humano. É de todos nós. Resistir ao impulso de delegar ao outro a responsabilidade que nos foi concedida ao nos formarmos profissionalmente é não apenas uma atitude nobre e admirável: é o porto seguro para que o caos não atinja a nós mesmos. É sempre bom lembrar que, em algum momento, todos nós estaremos do lado de lá, debaixo dos lençóis de um leito hospitalar, olhando os colegas médicos, enfermeiros e tantos outros. Nós nos veremos assustados e perplexos com a falta de comunicação, os discursos desencontrados, a coleta de exames diários de utilidade questionável, a falta de um planejamento objetivo e claro, a escassez de atenção, o barulho contínuo , e a falta de sentido em tudo isso. Profissionais da saúde que somos, o caos nos parecerá ainda mais caótico, e é provável que nos passe pela cabeça que tudo o que gostaríamos era ter apenas um médico que fosse capaz de conversar conosco por 15 minutos, que tocasse nossos corpos adoentados, explicasse seu raciocínio e o motivos de suas condutas, e se despedisse com um plano em andamento (e um sorriso, se não for pedir muito). Esse mínimo provavelmente bastaria para evitar riscos desnecessários, excessos e, claro, muita angústia. E talvez permitisse que nossas chances de sobreviver ao hospital fossem – quem sabe? – um pouco menos assustadoras. Ah! Em tempo: esse médico é justamente o que cada um de nós ainda pode ser.

Ana Lucia Coradazzi: Médica, graduada pela Faculdade de Medicina de Botucatu – UNESP, com residência médica em Oncologia Clínica e pós-graduada em Medicina Paliativa pelo Instituto Pallium, em Buenos Aires, o que mudou de forma irreversível os rumos da sua vida. Atualmente é responsável pela equipe de Oncologia Clínica da Faculdade de Medicina da UNESP, em Botucatu. É autora dos livros No Final do Corredor e O Médico e o Rio. Seu livro mais recente, “De Mãos Dadas” propõe um novo conceito, Slow Oncology – a Oncologia sem Pressa, e é inspirado em uma das principais obras da Slow Medicine, “My mother Your Mother“, de Dennis McCullough, geriatra americano.

125 Comentários

  1. 84 anos de idade e 56 de exercício médico……
    Hipocratico convicto…. só uma anamnese minusiosa e criteriosa permite conhecer primeiro a pessoa
    “paciente” que tem o problema “doenca” ,depois problema “sintoma” que tem “queixa”.
    Minimizando assim com sobras a possibilidade, sempre presente
    de erro,mesmo hipotético de diagnóstico.
    Não podemos ignorar que no contexto da vida atual, a abordagem
    psicoemocional se impõe por si só.

  2. Como médico cirurgião e atuante numa linha que valoriza a medicina do estilo de vida e com uma perspectiva de medicina tradicional para meus pacientes, não poderia concordar mais com os princípios e a mensagem transmitida por esta matéria.

    A abordagem da “Slow Medicine” ressoa profundamente com minha filosofia profissional e prática clínica. A ênfase na desaceleração, na escuta atenta, e no cuidado verdadeiramente centrado no paciente é um antídoto necessário contra a tendência atual de medicalização excessiva e de tratamentos despersonalizados. Este artigo destaca, de maneira eloquente, a importância de voltarmos nossas atenções para o aspecto humano da medicina, onde cada paciente é visto como um indivíduo único, com suas histórias, medos, e esperanças.

    Estou plenamente convencido de que o futuro da medicina reside na integração desses valores de atenção, cuidado, e paciência com os avanços tecnológicos e científicos. Afinal, a verdadeira cura começa no entendimento e na compaixão, e não apenas no diagnóstico e no tratamento.

    Parabenizo a Dra Ana Lúcia pela matéria e espero que ela inspire mais profissionais da saúde a adotarem essa abordagem mais reflexiva e menos intervencionista, que, acredito, pois acredito que isso é a chave para uma prática médica mais eficaz e satisfatória, tanto para os pacientes quanto para os profissionais. A Slow Medicine não é apenas uma alternativa; é um caminho necessário para uma medicina mais humana e verdadeiramente curativa.

  3. Sou médica formada há exatos 25 anos.
    Dou aulas para internato e residência médica.
    Creio que até a minha geração, muitos profissionais se preocupavam com os pacientes. Concordo com tudo que os colegas dizem mas, não consigo calar a minha voz. Bem, minhas considerações 
    1- Deixamos isso acontecer.  Nossa classe é desunida . Deixamos que “achatassem” nossos salários. Ouvi de um politico que “ médico é como sal:  branquinho , barato e em todo lugar”. A partir dai, nossos salários ficaram cada vez mais curtos. 
    2- Somos coniventes quando delegamos à próxima geração o que o país, sistemas, consciência levassem os mesmos a “ ser bons” .
    Não nos preocupamos em ensinar “ caráter” , “honra”, “ética”, comportamentos e quizá posturas.  Mal ensinamos a SEREM MÉDICOS. Talvez pela nossa pressa. 
    3- Fomos acumulando empregos. Devido ao acima exposto e a nossa conivência. Saí da faculdade ganhando 10 salários mínimos. Hoje, mesmo no sistema federal e municipal, me contento com 2, no máximo, e gratificações que são verdadeiros “cala bocas”. Não incorporam aos nossos salários para aposentarmos . Pergunto ainda, quando iremos nos aposentar? Muitos ficam trabalhando por amor segundo ouço mas, a grande maioria  sabe q se não trabalhar não terá dinheiro para comprar comidas e remédios, quizá o resto. 
    Pergunto: 
    – Não somos coniventes? Nossos exemplos não permitem isso? Podemos não pedir tantos exames mas temos de assinar contratos infinitamente baixos. Temos que nos calar pois, outros aceitarão. Ouvi também de um politico isso!
    Volto a dizer , permitimos. 
    Qual o exemplo que  damos?
    Batalho cada dia para os residentes e internos estudarem. É obrigação nossa mantermos estudando, não é? . A medicina evolui e muitos de nós seremos substituídos pela inteligência artificial . Muitos de nós seremos substituídos pela enfermagem, que estuda gerenciamento, “ gestão”, administração. Eles estudam e cumprem horário. Alguém sinceramente, cumpre? 
    Eles tem bancadas ativas em todos os níveis do governo. Vão para as ruas reclamarem. Quanto de vocês foram? 
    Nossas lideranças, nossos conselhos o que fazem? Qual atitude tomam quando nossos salários estão como estão ? Qual a atitude que tomamos à respeito? Afinal, não  temos tempo. Temos que ter vários trabalhos … 
    Qual é nosso exemplo? Qual atitude devemos tomar? Qual caminho? Como solucionar? 
    Bem, vou trabalhar..  
    Farei a minha parte ensinando respeito aos meus residentes e internos. Respeito aos pacientes, chamando-os pelo nome e não pela doença. Continuarei permitindo o contato pessoal, pele à pele. Continuarei apertando as mãos após uma consulta. Continuarei também forcando o estudo.continuarei dando meu exemplo, não porque tenho tempo mas, porque me preocupo. 
    Não tenho poder politico mas aprendo a cada dia com uma colega com mais caminho  que eu e que verdadeiramente “ trabalha por amor” . Ela me dá calor de tentar. O exemplo de não deixar a peteca cair. A forca de seu exemplo, me dá forças.
    Questiono… não somos coniventes.
    A ela , meu agradecimento e respeito. Espero que algum dia ela receba esse elogio e saiba da importância de seu suor. 
    Qual exemplo damos? 
     

  4. Enquanto não expurgarmos do sistema educacional superior, essa tragédia que são as “Metodologias Ativas de Aprendizagem” representadas pelo famoso “Aprendizagem Baseada em Projetos ou Problemas” (Learning Based Projects) vamos continuar formando péssimos profissionais, INFELIZMENTE.

  5. Enxergo a medicina que é oferecida à maioria da população exatamente como você descreve. Eu jamais teria a capacidade de colocar palavras tão certas e usar termos tão precisos. Meus parabéns pela capacidade e coragem, e “sinto muito” por todos e em especial por “nossa classe”. Eu confesso que muitas vezes me vejo apenas desanimado e já desperançoso. Não vejo mais uma perspectiva de melhora, pelo contrário. Tomara que eu esteja errado.

  6. Prezada colega: estou perplexo, com tantas verdades expostas de uma só vez. Só poderia aflorar de uma pessoa, com muita capacidade intelectual e humana, além da competência e vivência na área de saúde. Sou médico, trabalhei 40 anos em emergência , como cirurgião. Há poucos dias, estive internado em um hospital que se diz de elevado nível, e presenciei tudo que você descreveu. Pura verdade! Fui obrigado, contra minha vontade a questionar exames. Parabéns pela sua coragem!

  7. Parabéns para a corajosa colega !!! Infelizmente não vejo possibilidade de melhora neste quadro !! Enqto a Medicina viver neste clima de mercantilização, estaremos reféns dos colegas desumanizados q carregam o título por ostentação !! Praticando Clínica Geral para famílias inteiras (dos bisavós ao recém nascido ) , durante alguns anos sofri na pele a rejeição de alguns colegas devido a exercer a Medicina sob olhar analítico e respeitoso , evitando inclusive submeter o paciente a procedimentos desnecessários. Que Deus se apiede de nós !!!

  8. Prezada Doutora.Sou um velho doutor,com 81 anos, formado na terceira turma da antiga FMBB e aposentado, após de 37 anos, me dedicando ao ensino, assistência e pesquisa, na disciplina de Gastro Clinica do Dpto. de Clinica médica a Fac.Med. de Botucatu. Dei aulas para os alunos do terceiro e quarto anos e também para os residentes. O enfoque sempre foi o respeito ao paciente e empatia, amparando-o em todas as suas necessidades. Era exigido um comportamento ético exemplar,obdecendo as imposições da bioetica. Infelizmente fui acometido pela dengue,sofri muito e o que mais me chamou a tenção foram justamente os fatos que você relatou com muita propriedade no seu artigo onde é exposto o atendimento mecanizado e desumano feito pelos hospitais, mesmo o particulares. Você foi muito feliz nas suas colocações que traduzem uma verdade cruel. A medicina que os médicos estão exercendo hoje está muito longe daquilo que procuramos ensinar nos bancos da faculdade, o que é uma pena. Felicito você pela coragem de expor suas ideias.

  9. Obrigada pela sua análise crítica e real da nossa Medicina atual! Sou médica há 30 anos e acredito muito no quesito amor pela profissão! Se não existe, não prossiga na carreira de médico!!! Infelizmente não é a realidade. E isso só irá mudar se na Faculdade de Medicina termos o foco voltado para o doente e não para as doenças como tem acontecido! Temos que foca no protagonista da doença em todos os seus aspectos: físico, social, emocional e espiritual!!!! Senão não é prática médica na sua real concepção, está sendo apenas protocolos de conduta não personalizados e impostos pelo sistema hospitalar, gerenciados pelos convênios!!! Vamos fazer uma corrente médica de quem acredita nesta mudança de paradigma, através de provocações aos imperadores dos sistema!!!

  10. Texto verdadeiro com profunda análise da derrocada da arte da Medicina. Hoje somos escravos dos protocolos e diretrizes, sem falar nos processos de acreditação (?!) e nos vemos perdidos em meio à tanta “burrocracia”, esquecendo o que é de mais humano que existe no amor e solidariedade ao próximo. Já estive várias vezes no outro lado da mesa como paciente e sei bem a falta que faz um pouco de empatia e gentileza. Estamos atordoados por dados estatísticos e evidências que nem sempre se confirmam para aquele “caso” e nos esquecemos do princípio básico de CUIDAR. Temos que nos reconectar como pessoas. Ouvir, sentir, tocar, estar presente e tratar a todos como gostaríamos que fizessem conosco. Quebrar os paradigmas do consumismo desenfreado onde o que importa é o ter e não o SER. Parabéns Dra. Ana Lúcia e muito obrigado por este texto brilhante. Somos poucos, mas persistentes e resilientes.

  11. Parabéns Dra. Belo texto.

  12. Excelente e necessário texto. Parabéns!

  13. Uma vez , estando de passagem no elevador da Maternidade Estadual Prof Jose Maria de Magalhães, cumprimentei uma jovem com o marido que tinha um RN ao colo : …. e aí está tudo bem, com vc e seu Bêbê? ….. sim Dr uma experiência maravilhosa , com a atenção q agente recebe nesta Maternidade , dá vontade de engravidar mais e mais vezes! Eu estava por um tempo substituindo as férias do Colega Talva – Resp Tec da Agência Transfusional. 
    Diante do caos , ainda sigo otimista 
    https://www.slowmedicine.com.br/entre-os-hospitais-e-o-caos/

  14. Enquanto houver uma, apenas uma, Ana Lucia Coradazzi, a esperança não morre. Creio que a iluminação do seu coração veio do Senhor Jesus.

  15. Parabéns Ana, estou formada há 43anos e infelizmente vivênciei tudo isso com meu pai, 91a
    Quem será que cuidará de nós que sempre nos dedicamos com humanidade ao tratar nossos pacientes. Sinto-me reconfortada ao tentar todos os dias dar o melhor para cada paciente e familiares que me procuram.

  16. Texto ótimo, entretanto deixa a entender que a responsabilidade é do médico e dos hospitais. Cada um tem uma parcela de responsabilidade. A sociedade que buscava os especialistas e cada vez mais especialista, incluseve buscando mestres e doutores que são formações para área acadêmica. Ninguém quer o “clinico geral”. As operadoras agora tentam utilizar planos de baixo custo com médicos generalista conduzindo e guiando o problemas, porém com foco econômico e não assistencial. Com pagamentos de R$100,00 brutos por uma consulta e o custo operacional dos consultório subindo atendimento hospitar R$25,00 por paciente, algo vai sair prejudicado e com certeza é o atendimento. A burocracia exigida aumentando a cada dia, insegurança juridica etc… A sociedade precisa acordar. Cada um de nós, médicos e pacientes tentar reverte a situação.

  17. É muito fácil ter um CRM mas isto não significar ser médico. Rasa profundeza de conhecimento, escassez de bom senso, descaso com a vida alheia, limitações a rígidos e impermeáveis protocolos, objetivos abaixo de princípios éticos e outros tantos desvios, lamentavelmente, contaminaram a saúde e a profissão.
    Parabéns Dra. Ana Lúcia.
    texto irretocável!

  18. Parabéns Dra Ana. Como Médico, executivo em saúde e paciente pelo brilhantismo do texto. O paciente precisa e deve ser colocado no centro do Cuidado. A Experiência do Paciente deve ser nossa ferramenta de Gestão! Sou Cirurgião Pediátrico e sigo tudo o que falastes em relação a anamnese, o exame físico e os exames Complementares e principalmente sobre a experiência dos meus pacientes e pais. Há menos de 6 meses passei por uma cirurgia cardíaca e desde então relato minha experiência com todos do Time da saúde! Sejamos pacientes uma vez na vida para entendermos a Dor de cada um. Novamente parabéns!

  19. Difícil, hoje em dia, alguém q consiga colocar nossas ideias no papel, de forma tão clara. 
    Mais fácil falar, postar vídeo….
    Escrever mostra cultura, além do conhecimento, é claro!
    Parabéns Dra! Reproduziu exatamente o q penso e falo p os alunos de medicina. 

  20. Prezada colega,
    Eu penso e sinto da mesma forma.
    Passei por internações dolorosas com meu pai e meu marido. Indignada fiquei por ninguém examinar mais o paciente.
    Poderia discorrer a respeito por longas horas, mas seu texto é um belo retrato da realidade que vivemos. Queria apenas deixar um breve resumo da última internação do meu pai, paciente oncológico, que apresentou erisipela em MIE. Foi-lhe prescrito 3.5 l de soro ao dia, além de aferição da glicemia a cada 4h. Ou seja, ele não dormia. Ou precisava de ajuda para urinar a cada hora e meia ou havia alguém espetando seu dedo, sem a menor cerimônia a qualquer hora do dia ou da noite. Nos meus tempos de faculdade, aprendi que o paciente precisa repousar para se recuperar. Depois, mais tarde, aprendi a importância do sono reparador. Nada disso foi possível durante os 11 dias que ficamos internados. Sim, estive com ele o tempo quase todo. Certa noite, apareceu o maqueiro para buscá-lo para fazer a RM do cérebro. Isso era 1h 30 da manhã. Acreditem. A explicação dada era que a prioridade seria para os pacientes externos realizarem os exames durante o dia e os internados à noite. Voltou para o quarto as 2h40. Às 5h chegou o laboratório para colher sangue. Ninguém dorme. Pacientes e funcionários. Todos adoecidos. Rotina insana.
    Pensei, por muito tempo, em escrever a respeito das experiências e vivências que tive quando passei de médica a acompanhante. Uma das minhas formações é em saúde do trabalhador e lhe digo: nunca aprendi tanto. Mas, até hoje, antes de ler o seu texto, me sentia um ponto fora da curva.
    Hoje meu coração está aliviado!
    Que bom que me encontrei por aqui!
    Parabéns!

  21. Cumprimento a colega Ana Lucia Coradazzi e a todos os comentaristas pela descrição desta realidade nua e crua na prestação de cuidados em Saúde no nosso País. Lamentavelmente a insuficência crônica de cuidados, atenção, responsabilidades e empatia descritas permeiam atualmente a maioria das jornadas de saúde de um paciente, quer a nivel ambulatorial ou hospitalar, pública ou privada, envolvendo todas categorias de profissonais de saúde. Como paú que nasce torto morre torto, não podemos nos isentar em interagir com as escolas de formação de profissinais de saúde e questionar a qualidade do ensino prestado no que tange seus aspectos éticos, morais, humanistas e técnicos. Todos nós seremos pacientes um dia. O único triste ponto a ressaltar é de que estes profissionais refletem o individualismo, a ausência de fraternidade e compaixão para com o proxímo que se tornaram o novo ” normal” em nossa Sociedade, onde dedicamos cada mais tempo as tela e cada vez menos tempo aos rostos, com as suas inevitáveis consequências.

  22. Que lindo Drª Ana Lucia! Ao ler seu artigo me deu uma paz interior e esperança de que dentro da Medicina temos sim! Pessoas que usam o dom que Deus lhe deu para levar socorro à quem necessita. Estou cuidando do meu Pai que está com 89.anos e há 3 anos enfrenta câncer de próstata e o que a Srª escreveu é exatamente o sentimento que tenho no vaso do meu Pai nesse momento. Que Deus continue lhe abençoando grandemente!

  23. Parabéns pelo brilhante texto. Muito lúcido e coerente. Precisamos de pessoas engajadas em modificar essa realidade.

  24. Foi justamente essa conjunção desastrosa de fatores que levou o meu pequeno e amado sobrinho, que não sobreviveu a quase cinco meses de internação num hospital particular e de referência. 
    Péssima comunicação da equipe médica com a família; decisões arbitrárias, sem respaldo científico, apesar das constantes indagações da família, também formada por médicos; e um completo despreparo dos profissionais ditos ”especialistas” frente a doença agressiva e rara. Foram meses de estudo da minha irmã, médica e mãe do bebê, que não conseguia sequer convencer os responsáveis pela internação a ler os artigos e a literatura que ela selecionava e lhes enviava.
    Além das iatrogenias, como diminuir, erroneamente, numa prescrição, a dosagem do remédio para a quinta parte da usual, sendo “percebido“ o erro apenas um mês depois do acontecido. O paciente piorando a cada dia, sem explicação nenhuma por parte da equipe responsável.
    Infelizmente, meu pequeno sobrinho se foi. Talvez, para a equipe responsável, foi só mais uma vítima de uma doença agressiva. Mas nós, familiares, enxergamos o descaso e a falta de vontade de lutar por uma vida que estava apenas começando.

  25. Parabens Dra. Infelizmente é uma realidade muito triste. Falta compaixão pelo outro que está fragilizado. E importante trazer isto a tona para que possamos melhorar.

  26. É isso. Tudo dito! Luta inglória pela frente!

  27. Excepcional, verdadeiro e triste. Eu, com 52 anos de formado tenho a sensação vívida de que não foi esta Medicina que aprendi e exerci.  O juramento de Hipócrates que juramos com lágrimas nos olhos está sendo rasgado e escoa inexoravelmente para o vil e torpe ralo financeiro . Texto histórico, Dra. Ana.

  28. Ana, sua avaliação é cruel e perfeita.
    Acrescento que para o profissional que não se insere nesse rolo compressor é impossível suportá-lo e vice versa. Os bons profissionais se recolhem aos seus consultorios se distanciando dessa “coisa” impossível.
    É a  condenação de todos, pacientes, bons medicos , hospitais, planos de saude  e que mais se aproximar. Perdemos a arte.

  29. Bela reflexão que a Sra nos traz, muito boa mesmo, nós médicos temos que prestar mais atenção nas queixas dia nossos pacientes nos trazem e termos mais tempo para ouvi- Los é o que penso muito obrigado Dra por essa belo texto.

  30. Cara Drª Ana, 
    Seu texto retrata a realidade atual da medicina. Sou oftalmologista e não lido com pacientes hospitalizados, mas no consultório sinto e ouço exatamente a mesma coisa. Médicos que não escutam, não são empáticos e não examinam seus pacientes. Apoio totalmente suas palavras. Tenho uma filha estudando medicina e ensino a ela a cada dia o que é o amor, a empatia e o respeito pelo paciente. Um dia seremos nós. Parabéns!

  31. Análise lúcida e corajosa. A desconexão com os propósitos assistenciais que vivemos hoje em dia pelo adoecimento da prática médica precisa ser corrigida! Externar a consciência de que algo precisa ser mudado talvez seja o começo para contaminar colegas e pacientes que se agonizam com esta ideia! Parabéns

  32. Análise lúcida e corajosa. A desconexão com os propósitos assistenciais que vivemos hoje em dia pelo adoecimento da prática médica precisa ser corrigida! Externar a consciência de que algo precisa ser mudado talvez seja o começo para contaminar colegas e pacientes que se agonizam com esta ideia! Parabéns

  33. Colega, parabéns pelo seu texto (adoraria tê-lo escrito).
    Tenho 66 anos, graduado em 1981, há muito venho conversando com colegas, residentes e alunos sobre os absurdos que você relatou, com destaque para a nauseante “indústria” da acreditação, os protocolos que embotam o raciocínio, as veleidades e vaidades dos colegas a bordo da mais nova “tecnologia”, o prescrever sem ver, o solicitar exames por hábito (preguiça ou obrigação – afinal, a rede que me emprega precisa faturar), o “o que é que vamos operar hoje? – põe na sala, “manda” anestesiar que eu estou chegando”, o barulho ensurdecedor (piadas, gracinhas e palavrões em frente a estupefatos pacientes) em centros cirúrgicos que mais se assemelham a feiras ou estádios de futebol, o olhar súplice de pacientes seminus esquecidos em corredores, tudo isto (e muito mais) observado por jovens internos e residentes que, muito provavelmente, imitarão seus “professores”.
    A delicadeza, a boa educação, a nobreza de gestos e atos… entre néscios e trogloditas, que importância teria?

  34. Parabéns ! Acabo de me integrar à sua, à nossa luta ! Vivo a Medicina dia e noite há cinquenta anos e previsamos reagir contra este descalabrio ! Antigamente os Médicos se diferenciavam pelo estudo e evolução acadêmica: hoje, os piores, complexados pela incapacidade de evoluir, se transformam em gestores criadores de protocolos burocráticos, para escravizar os bem dotados e magoar os pacientes ! Hipócrates para os hipócritas !!!

  35. Dra Ana Lucia, brilhante reflexão em um texto muito claro. Vamos difundi-lo em nosso HC de Botucatu, para que ele não seja também o retrato de nosso hospital. Vivi as dificuldades deste hospital ao dirigi-lo por 6 anos e sei que, somente contando com apoio de pessoas que pensam como nós é que conseguiremos mudar esta triste realidade. Parabéns!

    • Muito obrigada, André!

  36. Após 33 bons anos de trabalho em hospital público universitário e ainda sentindo-me apta a continuar fazendo o que decidi fazer desde muito jovem: “cuidar muito bem de gente”, entendi que tudo havia mudado para pior! Cada vez mais, deparei-me cada vez menos, com profissionais de saúde que não colocavam mais o principal motivo da existência de sua profissão, qual seja, atuar para que pessoas resgatem sua saúde física e mental ao necessitarem do ambiente hospitalar. Pacientes não estão lá por que querem mas sim porque precisam. Nós escolhemos estar! Eles acreditam que possamos ajudar-lhes. Gente cuidando de gente! Envelheci, e ao continuar “brigando” por uma conduta digna e humanizada tornei- me a chata por requerer de todos e qualquer um, que fizessem o melhor que pudessem, prioritariamente para o paciente mas sem esquecer da família. Perdi!
    Estou aposentada e não me arrependo de ter saído do sistema, mesmo que ainda me sentindo produtiva,  ao perceber o quanto que as pessoas que nele continuam mudaram. Sou da velha guarda, da enfermagem holística, do cuidado humanizado, do nome do paciente, da entrevista e do exame físico, do respeito ao corpo, da resolução imediata da dor, da atenção a família, da valorização do trabalho de cada um,  sem vovô e vovó, sem “ inhos” na comunicação, etc.
    É claro que preciso do sistema de saúde; sou muito vigilante a tudo e todos, mudei de posição mas continuo a chata dos direitos e deveres de cada um dentro do ambiente hospitalar!
    Seu texto é maravilhoso! Deveria tornar-se leitura obrigatória para quem ousa sentir-se apto a cuidar de vida humana.

    • Obrigada, Eliane! Conforta muito saber que tem MUITA gente se sentindo indignada com o que temos feito na medicina. A indignação é o primeiro passo para mudar.

  37. Precisa leitura da “desmedicina”.

  38. Fernando Rossi,
    Sei exatamente a que você se refere. Sou médica e passei com minha mãe por quase todas as situações que você relatou.

  39. Prezada Ana.
    Parabéns pelo texto tão verdadeiro que espelha o dia a dia oculto da nossa realidade profissional, revestida de máquinas e protocolos que retiram completamente o humano do protagonismo.
    Soa como se fossem “profissionais coisas” que cuidam de “coisas doentes”…..e aí…os profissionais também adoecem….realidade adoecida!!
    Espero que possamos nos conhecer.

  40. Texto irretocável! Parabéns! Vivi tudo isso nas internações do meu pai por infecção urinária por bactéria multirresistente e duas pneumonias. Na primeira, tive que ameaçar fazer uma denúncia na Delegacia de Idosos. Nas duas pneumonias, eu tive que tratá-lo, com a ajuda das cuidadoras, deixando explícito para elas todas as medicações que estavam na prescrição e que deveriam ser recusadas, bem como todas as outras que não estavam na prescrição e eu tive que “complementar”, incluindo antibióticos e soroterapia venosa (até isso tive que fazer por conta própria). Durante a última internação, meu pai teve desidratação grave (17 horas sem urinar, tendo recebido apenas 500 ml de soro no dia e com dieta suspensa), com a supervisora querendo passar sonda vesical para bexigoma (pasmem!), edema agudo de pulmão, que tratei com as medicações da bolsa dele, incluindo 2 comprimidos de furosemida (o plantão demorou 40 minutos para vir e a furosemida venosa prescrita demorou 2 horas!!! Quando chegou, ele já tinha saído do quadro). Teve também 5 horas de hipoglicemia por inanição (dieta suspensa e falta de aporte EV), tendo eu chamado o técnico de enfermagem às 19:00, devido à sudorese profusa e rebaixamento no nível de consciência. O técnico só foi ao quarto à meia-noite. Eu já tinha dado glicose para ele, que, depois de um tempo recobrou a consciência. Meu psi tem 80 kg, não é diabético, nem toma hipoglicemiantes. Hipoglicemia por inanição. Depois disso, suspenderam o antibiótico dele. Ele completamente infectado, com tosse úmida improdutiva, 18.000 leucocitos e séptico. Cheguei a fazer um boletim de ocorrência. Não adiantou. Comprei antibiótico na farmácia e comecei a dar para segurar a sepse até conseguir retirá-lo do hospital para eu tratar dele em casa. Absurdo atrás de absurdo! Eu que tratei dele no hospital, onde passava de 8 a 12 horas por dia, consertando as condutas iatrogenicas. Se não fosse por mim, com a permissão de Deus, não teria resistido. Muito triste o descaso, incompetência, descompromisso e negligência dos colegas.

  41. Perfeito o enfoque. Muita lucidez e propriedade na análise do que ocorre. Parabéns à colega pela abordagem desse contexto que a medicina hospitalar infelizmente vem apresentando . 

    • Obrigada, Ângela! 😊

  42. Dra Ana Lucia, “Eu te Invejo”!
    Como eu gostaria de poder ter escrito isso, mas saber que alguém teve esse olhar já foi um conforto pra Alma.
    Se todos lermos com o Coração, pequenas mudanças que sejam, já farão diferença.
    Gratidao! !

    • Obrigada, mesmo!

  43. Excelente e verdadeiro o comentário de Ana Lúcia.

    Parabéns.

  44. O problema principal é a falta de formação adequada de muitos colegas médicos e muitos não tem um verdadeiro comprometimento com o doente. O quadro descrito é mais frequente nos hospitais públicos e não nos privados que atendem planos de saúde mais diferenciados. Infelizmente, muitos colegas não se consideram “ donos do doente” (responsáveis ) e consideram o responsável a instituição. Com este aumento absurdo das faculdades de medicina o problema vai se agravar. Os doentes não tem fidelidade e não valorizam o médico e apenas se preocupam que ele atenda o seu plano de saúde. 

    • Celso, certamente o problema de formação é bem grave, mas o descrito no texto nem de longe acontece ais nos hospitais públicos… Acho até que acontece mais nos privados, nos quais há disponibilidade maior de exames, especialistas e avidez por seguir protocolos institucionais. Muitas xx nos hospitais públicos a escassez de recursos é justamente a mola propulsora para um maior esforço no raciocínio clínico. De qualquer forma, não é o contexto que determina as condutas: é a postura dos profissionais da saúde e a cultura social/institucional/profissional.

  45. Ótima matéria! Difícil é a sensação do não fazer nada para mudar o quadro.

  46. No último dia 18 de Fevereiro, não pude me conter e levei pessoalmente à diretoria da UNIMED CAMPOS/RJ um relatório chocante sobre o descaso médico que presenciei. Foi um momento de extrema frustração, onde expus com veemência a negligência que observei. É inaceitável que em nossa instituição, que deveria zelar pelo bem-estar dos pacientes, haja tamanho desrespeito e descuido. Estamos diante de uma situação alarmante que exige ação imediata. Espero que essa denúncia seja o primeiro passo para que medidas sérias sejam tomadas e que possamos restaurar a confiança e a qualidade dos serviços prestados pela UNIMED CAMPOS, mas em todo o Brasil, de forma a restaurar a confiança e a qualidade dos serviços prestados pelas instituições de saúde.

    Atualmente, encontro-me na UNIMED, acompanhando minha mãe, e, ao longo destes trinta dias carregados de angústia, venho enfrentando uma série de situações que clamam desesperadamente por melhorias urgentes no atendimento e cuidado ao paciente. Este relato é um veemente grito de revolta contra a desumanidade e negligência que contaminam um sistema que, em sua essência, deveria priorizar o cuidado e a dignidade humana acima de tudo. É um apelo por mudanças radicais em um contexto onde a indiferença e a falta de empatia parecem prevalecer, ofuscando a essencialidade do respeito e da compaixão no tratamento de cada indivíduo que busca ajuda e alívio em momentos de extrema vulnerabilidade.
    Na recepção, enfrento um verdadeiro teste de paciência e indignação, diante de uma demora no atendimento que ultrapassa os limites do aceitável, frequentemente excedendo a marca intolerável de meia hora de espera. Observo, com uma revolta que cresce a cada minuto, como “alguns” funcionários, frequentemente mergulhados em seus próprios mundos através de seus telefones, ignoram completamente a fila de pacientes que aguardam, angustiados e desesperados para estarem ao lado de seus entes queridos. Tal cena escancara uma evidente falta de supervisão, treinamento adequado e, acima de tudo, de humanidade. É inaceitável e revoltante ver a indiferença e o descaso com que são tratados aqueles que mais necessitam de atenção e cuidado, em um ambiente onde o respeito e a dignidade humana deveriam ser priorizados acima de tudo.

    No setor de enfermagem, a apatia e falta de iniciativa de alguns enfermeiros é uma verdadeira afronta. A necessidade premente de melhorar o tempo de resposta ao atendimento é clara e gritante, não podendo mais ser negligenciada. É imperativo que os enfermeiros tenham um entendimento profundo sobre a condição de cada paciente e a finalidade exata de cada medicamento prescrito. Hoje pela manhã, uma enfermeira entrou no quarto perguntando se minha mãe havia tomado o café da manhã “direitinho”, ignorando completamente o fato de que ela está sob dieta zero há uma semana.
    A irritação e o descontentamento manifestados por alguns enfermeiros quando questionados ou solicitados durante a noite são totalmente inadmissíveis, revelando uma falta de profissionalismo que me deixa estupefato. A negligência é tão flagrante que, nesta segunda-feira, minha mãe acordou numa cama completamente ensopada, pois não haviam trocado suas fraldas durante toda a noite. Hoje, a médica da rotina a examinou pela manhã e comentou, com uma voz tranquila e em tom suave: “ela está com uma leve pneumonia”. Até o momento, ela ainda não foi medicada. Além disso, a insensibilidade de alguns enfermeiros, que entram nos quartos abruptamente, falando em alto volume e acendendo as luzes sem qualquer aviso prévio, é um absoluto desrespeito e uma falta grave de sensibilidade humana.

    Na farmácia, enfrento constantemente problemas alarmantes relacionados à demora na liberação de medicamentos e na gestão de situações críticas. A falta de autonomia e eficiência nesse processo é um desafio que compromete de maneira grave a eficácia do atendimento. A indiferença e o descaso, infelizmente, se estendem também aos familiares dos pacientes internados. O tratamento que recebi, marcado por uma flagrante falta de compromisso e sensibilidade, é um reflexo lastimável da desumanidade de um sistema que parece ter se esquecido completamente do elemento humano essencial no cuidado à saúde. A situação é tão lamentável que ecoa como um grito estridente de revolta contra a negligência e a falta de humanidade que infestam um sistema que deveria, acima de tudo, priorizar o cuidado e a dignidade humana.

    Com relação aos médicos, o que tenho testemunhado é uma preocupante falta de atenção e empatia, uma realidade amarga que vivenciei na pele aqui na UNIMED. Posso relatar inúmeros exemplos dessa experiência desoladora. A primeira situação ocorreu quando comentei com um dos médicos da equipe sobre o problema de minha mãe com fezes muito secas e escuras. De forma zombeteira e insensível, ele me inquiriu: “O que são fezes secas e escuras?”. Prossegui na conversa, perguntando sobre a possibilidade de uma endoscopia para investigar a situação. Ele, evasivo e indiferente, ignorou minha pergunta e, voltando-se para minha mãe, que estava visivelmente debilitada, sorriu cinicamente e propôs: “Dona Thelma, que tal fazermos um acordo, eu e a senhora? Se o exame de sangue não mostrar anemia, vou te dar alta amanhã, pode ser? Combinado?” Fiquei atônito e sem palavras diante de tal postura.
    Uma hora mais tarde, minha mãe evacuou novamente, e minha nora, que estava com ela, percebeu que a cor e a textura das fezes eram exatamente como eu havia descrito. Ela solicitou que chamassem o mesmo médico que estava prestes a dar alta à minha mãe e relatou o que observou. Sua resposta foi: “É, vamos pedir uma endoscopia então.”
    Com o mesmo médico, após a endoscopia revelar que as paredes estomacais estavam cobertas por um líquido escuro e espesso (sangue), sugeri a possibilidade de um dreno. Novamente, de maneira irônica e debochada, ele questionou: “Dreno?” Dessa vez, confrontei-o apenas com uma pergunta: Você não sabe o que é um dreno?
    Outra situação chocante ocorreu com uma médica do pronto socorro. Ao examinar minha mãe durante a madrugada, ela mencionou a necessidade de uma tomografia computadorizada (TC), suspeitando de oclusão intestinal. Quando a procurei mais tarde para mais informações sobre o exame e se ele havia sido registrado no prontuário, ela descaradamente riu das minhas preocupações e recusou-se a formalizar a solicitação, dizendo que passaria a informação apenas verbalmente para a médica da rotina.
    Como já mencionei, inúmeras vezes tive que tomar a iniciativa de levantar questões cruciais sobre o tratamento da minha mãe, como as fezes secas e escuras, a necessidade de endoscopia, a colocação de um dreno (sonda nasogástrica), a importância de uma cama com colchão pneumático e uma perneira pneumática, itens que deveriam ter sido identificados e propostos pela equipe médica.
    Hoje, após um confronto com a médica da rotina, expressei toda a minha frustração sobre a ausência de um diagnóstico claro, além da falta de humildade que parece ser uma característica marcante entre alguns médicos, que frequentemente se colocam em um pedestal, acima de tudo e todos. Durante a conversa, ela mal me deu atenção, não me olhando nos olhos, apenas dizendo: “Pode falar, que eu estou te escutando”, enquanto mantinha a cabeça baixa, mexendo na perneira pneumática, fingindo uma concentração que claramente não possuía. Essa postura reflete a arrogância de não saber escutar, a falta de comunicação e contato direto entre os profissionais, além de uma necessidade urgente de mais dedicação na busca por soluções efetivas, rápidas e diagnósticos precisos.

    Na UTI, a realidade é assustadoramente crítica. Um terço, relíquia de família há 70 anos, sumiu sem deixar rastros, junto com materiais de higiene pessoal. O material apareceu no dia seguinte. Para agravar a situação, a administração inadequada da sonda nasogástrica, posicionada na altura da cama, e a total falta de cuidado básico com a minha mãe que estava em dieta zero, e padecia de sede sem que ninguém tivesse a humanidade de umedecer um algodão para aliviar sua boca seca, são situações alarmantes que escancaram uma negligência atroz no cuidado aos pacientes.

    Para agravar ainda mais a situação, quando chamei um médico que trabalha no hospital da UNIMED para examinar minha mãe, pelo fato de ele não se encontrar no hospital e ter que se deslocar para a visita, fui cobrado por uma consulta. Uma cobrança que paguei via Pix.

    Estou reivindicando o óbivio. Mostrando apenas a desumanidade e a negligência que infestam um sistema que deveria, acima de tudo, elevar o cuidado e a dignidade humana ao mais alto patamar.

    Minha esperança fervorosa é que o desfecho desta trágica experiência seja a saída da minha mãe com vida desse cenário caótico e que isso sirva de catalisador para uma mudança radical e urgente neste sistema profundamente disfuncional. A situação que enfrentamos é tão absurda que se torna imperativo clamar por uma transformação drástica, para que se resgate a essência do cuidado humano e da compaixão, tão descaradamente esquecidos neste ambiente que deveria ser um refúgio de cura e apoio.

    Mantenho a integridade total deste conteúdo, pois ele reflete tudo o que sinto frente a essa realidade desoladora.

    Sem mais,
    Frenando Rossi

  47. Tenho ouvido entre nós médicos essa frase : NÃO TENHA MEDO DA DOENÇA E SIM DOS COLEGAS MÉDICOS .

  48. Parabéns, Dra. Ana! Perfeito! Sua reflexão é  uma benção. Imensamente contente por saber que há médicos provocando a discussão sobre a formação profissional, a realidade hospitalar e pensando nos pacientes! 

  49. Seu posicionamento médico e sua postura clarearam , elucidaram , abrilhantaram e traduziu as nossas incertezas bem como nossos receios como paciente ou mesmo como médicos.
    Grato pela leveza e a forma clara da excelente interpretaçâo do nosso dia a dia.

  50. A colega faz uma reflexão muito boa sobre como a prática médica evoluiu, faltou apenas uma questão, talvez a base deste caos que se tornou a realidade do cuidado aos pacientes, a financeirização da Medicina, o paciente virou cliente e uma mercadoria dentro de um hospital, as operadoras de saúde visam o lucro e a diminuição de custos para a maior lucratividade de seu donos e acionistas. Daí aquele médico que atende rápido em um PA ser chamado de “papa fila”. Tem a periodização da Medicina, que na verdade é a precarização do cuidado.

  51. Ao agravar-se seu estado de saúde, meu marido, também médico, me pediu para morrer em casa. Fiz sua vontade. Morreu em nosso quarto, em nossa cama, com oxigênio quando necessário e morfina quando o fim se aproximou, rodeado pelas pessoas que sentirão sua falta para sempre: as três irmãs, um amigo e colega médico, nosso filho e eu.
    Sem medidas discutíveis para apenas prolongar seu sofrimento.
    Artigo pertinente e muito bem escrito, parabéns, doutora.

  52. Foi assustador, horrível, o que eu e minha família sofremos com a internação da minha mãe no hospital SEMPER de Belo Horizonte. Tudo aquilo beirava a insanidade. Infelizmente, ela não sobreviveu ao caos hospitalar.

  53. Essa médica é uma cuidadora de gente, literalmente. Sendo pensadora tem respeito a si mesma. Corajosa, faz uma crítica construtiva ao sistema dominante de saúde. É revolucionária ao propor mudanças de rumos da medicina, quanto a forma e conteúdo, e o entorno do sistema de produtividade de saúde. E o mais importante: Reacende um sinal de esperança e confiança em nós outros seres humanos pela possibilidade de uma prática de saúde solidária, universal. Força Doutora Ana Lúcia Coradazzi !!
    Antonio Pereira
    Campina Grande Pb

    • Agradeçoa as palavras gentis! 😊

  54. Perfeita descrição. Sou médica e tenho pavor de eu e minha família precisarmos de médicos e de hospitais. E, pior, vislumbro um futuro sombrio com a formação médica atual, tantas faculdades de medicina, proliferação de profissionais que deturpam nossa profissão. Muito triste.
    Parabéns por sua sensibilidade e coragem.

    • Estamos todos no mesmo barquinho. 😊

  55. Aninha, muito orgulho de você e sua trajetória!
    Você é uma luz!  Continue lutando por todos nós e dando muito amor aos pacientes. Eles é nós colegas merecemos e precisamos ser inspirados a melhorar os cuidados á saúde que vai muito além de ausência de doença. 

    • Oieee! Nossa, saudades das nossas conversas! ❤️

  56. Parabéns!!! Concordo plenamente!!! E também sou desta tribo!!! Destaco a ausência de exame físico completo! Pelo menos o básico. Como pediatra faço como rotina, afinal o raciocínio clínico inclui isso. Mas, percebo que isso parece ter sido deixado de lado. Alguns também entram por um caminho de fazer o que agrada ao paciente ( nos consultórios) e deixam a medicina verdadeira de lado.

  57. Concordo com tudo dito ,e estamos vivenciando aqui onde moro,tentando refletir e talvez procurar saídas.
    Obrigado pela lucidez e coragem

  58. Como estamos sofrendo de uma angústia diante de incertezas e medo quando estivermos num leito de hospital…com quem vamos contar?????!!!!

  59. Excelente texto!muita lucidez!

  60. Obrigado pelo seu texto. Gostei muito dele e toca diretamente em dores de quem trabalha (e se interna) em hospital.

    Vou acrescentar outros pontos, por que o tema é complexo, e está longe de se resolver nas linhas do blog.

    1) Fatos passados tendem a ter uma leitura poética, pois a “memória é uma ilha de edição”. Mas me lembro de muitas vivências de enfermaria em minha graduação nos anos 90 em que muitos erros aconteciam pela falta de folhas de verificação, ou por médicos que agiam no instinto, com condutas proprias e não referendadas (hospitais universitários com seus medalhões então…), cirurgiões que não aderiam às normas, y otras cositas más que só quem trabalha em hospital conhece. Era uma época mais slow, mas os erros aconteciam do mesmo jeito… talvez em uma escala de produção menor, quem sabe… ou não.

    2) Liberdade sem ‘skin in the game’ não funciona. O preenchimento de termos e folhas de verificação é uma maneira material de forçar o prescritor a deixar a marca de seu carimbo na documentação do paciente. Quem não conhece o doutor que dá ordens pelo telefone e não faz o registro em prontuário? O prescritor não pode ter liberdade absoluta.

    O problema é que agora abundam formulários, escalas e protocolos, e a tecnologia tem tornado muito fácil criá-los (em lugar de reduzi-los). Sem falar que nada mais fácil e genial do que criar um formulário para ser preenchido… pelos outros. Um ponto crítico é encontrar um equilíbrio entre as camadas de segurança e desatenção à pessoa do paciente (e aos resultados do tratamento). Para mim, um exemplo de inspiração é a indústria aeroespacial, em que se o avião cair o piloto morre junto… e não tem mais skin in the game que isso. Essa indústria conseguiu a meu ver – posso estar errado – um equilíbrio entre a papelada e a segurança.

    3) Nenhuma tecnologia resolve o problema de um usuário descomprometido. Um bêbado em uma bicicleta talvez seja, na média, um pouco menos perigoso que um bêbado em um Porsche (ou Ferrari, caso prefiram). A tecnologia dá escala… Ao automatizar e agilizar algumas coisas cria-se margem. E infelizmente essa margem não é aproveitar para voltar-se ao paciente, mas a mais tempo de tela e de protocolos.

    4) E embora a tecnologia possa aumentar sob um certo aspecto as capacidades produtivas de um profissional, tem uma coisa que ela não melhora: a atenção. É aquela atenção voltada para a realidade concreta que existe fora do observador, e que está lá, no leito 5, reclamando de dor abdominal e ninguém vai lá descobrir que é uma sonda vesical acotovelada.

    5) Para jogar mais pimenta, penso que talvez, além de todas as questões específicas que foram tratadas, haja uma dimensão cultural também, problema esse não só da Medicina mas em todas as indústrias humanas. É cada vez mais fácil trocar o outro, o próximo, por uma tela brilhante de celular.

    Vou seguir acompanhando as discussões aqui. Obrigado mais uma vez por levantar essa bola.

    Grande abraço.

  61. Parabéns Ana! Irretocável seu texto
    Límpido.diria até que foi generosa, pois há muito mais coisas sórdidas nesse sistema maligno atual opressor , castrador e detrator dos médicos, tirando completamente a autonomia destes, impondo ameaças  e assédios Morais constantes . O sistema está apodrecido assim como as política e justiça brasileiras. O monopólio das tais “redes hospitalares ” permite uma verdadeira cartelizaçao  danosa e perigosa. Há ainda o outro setor privado que se estabeleceu como um câncer na sociedade única e exclusivamente por incompetência, descompromisso,irresponsabilidade dos gestores públicos e afins com a saúde no país, pois se houvesse atendimento público de qualidade (pago pelos pagadores de impostos ), certamente ninguém iria para o sacrifício que é pagar” planos de saúde ” para ser atendidos nessas estruturas hospitalares que você muito bem descreveu . Do outro lado parte dessa responsabilidade é debitada aos médicos que são extremamente desunidos e acovardados , tornando-se subservientes e capachos dessas estruturas mesmo recebendo honorários aviltantes e humilhações dessas instituições que não tem o mínimo respeito pela classe. Uma categoria tão importante na sociedade, mas que perdeu totalmente a consciência de tal importância. Por último e não menos culpados estão as tais “entidades de classe ” como CFM, CRM, AMB Sociedades de especialidades e sub especialidades( pelo menos na cardiologia), que servem apenas para extorquir dinheiro dessa classe tão explorada e desrespeitada, sem agir verdadeiramente em defesa da classe nas suas principais necessidades reais e não um monte de firulas e lero lero para enganar trouxas . São estruturas que com certeza absoluta não representam verdadeiramente a defesa da classe médica. Infelizmente ficamos marcados a própria sorte. Pior ainda somos obrigados a pagar anualmente para manter esses elefantes brancos e sua panelinhas de componentes . Há uma perspectiva de piora significativa  desse caos já instalado na saúde como um todo. O cenário é muito suturno com as milhares “faculdades particulares de medicina ” sem exigência de qualquer mínimo critério sério para garantir boa formação médica, então estamos vendo e veremos muito mais ainda essas arapucas ( fábricas de dinheiro ), cuspindo ou vomitando milhares de seres com diploma médico por ano neste país cada vez mais sem estrutura mínima de saúde. Assim a receita para um desastre maior está pronta. INFELIZMENTE 😰😰.

  62. Como médico há 41 anos, este artigo me fez lembrar das noites de céu limpo, em que podemos vislumbrar as constelações claramente. Vemos milhões de pontos estrelados e espaços vazios. Ou seja, ainda podemos identificar, dentro do caos que boa parte de nossos novos médicos estão sendo formados , que ainda há, dentre muitos sem preparo algum, aqueles que são como estrelinhas no universo, tem visão crítica, empatia, curiosidade e vontade de ajudar. Pessoas com a visão da Professora Ana Coradazzi nos dão alento suficiente para estimularmos nossos filhos a seguir optando por profissão inigualável como a medicina. Parabéns pelo artigo e que possa prosperar passando por muito tempo ainda estes conceitos para os neófitos. Muito obrigado!

    • Muito obrigada! 😊

  63. Parabéns, colega! Você fez uma síntese perfeita. Agora, pergunto: como fazer para que seu Artigo chegue ao destino? Ou seja, que ele chegue às mãos capazes de reverter esta catástrofe? Refiro-me aos diretores de faculdades, diretores hospitalares e conselhos de classe. Quando falo faculdades e conselhos, não me refiro apenas aos de Medicina, pois certamente fazemos parte de um complexo multiprofissional. Abraço de um colega também perplexo, mas ainda não desiludido.

    • “O errado é errado, mesmo que todos estejam fazendo. O certo é o certo, mesmo que quase ninguém faça.” A gente precisa continuar no caminho em que acreditamos. 😊

  64. Parabenizo a nobre colega e assino embaixo de cada palavra. Lembrando o Prof Osler com sua célebre e atemporal frase: “MEDICINA É A CIÊNCIA DA INCERTEZA E A ARTE DAS PROBABILIDADES”, costumo dizer que esse imperativo define que a ciência sempre estará a serviço da arte e não o contrário. A biotecnologia é extremamente sedutora e os mais jovens são, via de regra, “presas fáceis” rapidamente capturadas pelos protocolos institucionais e pela famigerada “medicina defensiva”. O sistema privado, que há muito deveria deixar de ser chamado de “suplementar”, é sustentado pelas operadoras de planos de saúde, que por sua vez é sustentado por todos nós dentro do modelo mutualista e, como em todos os sistemas, com recursos finitos. Chamo a atenção para essa questão no sentido de lembrarmos que o alicerce da boa prática está no resgate da arte que ainda vive dentro de cada um vocacionado, contaminar cada ser humano que esteja envolvido nos cuidados aos pacientes, incluindo os times da limpeza, da rouparia, da farmácia, da copa,… tentar salvar o maior número possível de jovens e nunca desistir desse ativismo. O estudo da bioética, e destaco a Bioetica clínica e os métodos deliberativos, trás ensinamentos preciosos com muitas ferramentas que precisam ser difundidos e expandidos para além do universo dos Cuidados Paliativos onde militam os maiores interessados nesse tema. Voltando aos aspectos dos custos, assunto costumeiramente negligenciado pelos médicos, vale lembrar que os protocolos institucionais e a medicina defensiva, interessam muito aos gestores hospitalares que se tornaram seus grandes incentivadores em nome da “segurança” – dos pacientes e da “MARCA”. No entanto, percebemos alguns gestores, tanto das operadoras de planos de saúde quanto de grandes hospitais, começando a despertar interesse pelas reflexões provocadas pela Bioetica. Quem sabe haja aí um caminho para tocar àqueles que detém o poder econômico? Concluindo, cabe-nos formar a base para a boa prática atentando para o fato de que a saúde não tem preço, mas tem custo, e todos somos responsáveis pela adequada utilização dos recursos como um item também importante dentro de tudo o que foi brilhantemente descrito no texto. Mais uma vez, parabenizo a colega.

  65. Texto excelente, de uma perspicácia e clareza, que poucos têm. Parabéns! Sem deixar de mencionar a coragem para expor esse assunto, nas muitas das vezes intocável, em razão da opressão do sistema e da própria resistência de alguns profissionais, que se encaixam, deliberadamente, nesse lamentável contexto. 

    A relação médico paciente não é mais a mesma. Infelizmente! Médico era um ser quase místico. Um enviado por Deus. Um homem de muita confiança e amigo de toda família. Quem nunca ouviu falar de médicos padrinhos de pequenos pacientes, por gratidão dos familiares? Conheço alguns! 

    Hoje, o médico é visto como apenas um prestador de serviço e o paciente como um mero usurário deste. E nesta cadeia estrita de consumo, onde predomina a dureza do paternalismo hipocrático, o paciente, cada dia mais, perde a sua capacidade de exprimir sua vontade; o seu direito a ser informado dos tantos e aleatórios procedimentos impostos e, o que é pior, de decidir sobre seu próprio tratamento (consentimento nem se sabe o que é!). 

    E, é neste cenário, que a judicialização tristemente alcança números exponenciais, advogadas, como eu, terminam por lutar para defender médicos, que carregam a pecha de irresponsáveis, em procedimentos onde sequer houve um “erro médico”, mas sim um resultado esperado do próprio procedimento (iatrogênia).

    Isto porque esquecem eles (os médicos) que não basta seguir a arte médica e rígidos protocolos, é indispensável disparar um olhar holístico para o paciente, enxergá-lo para além da doença, a alcançar, assim, uma alma sofrida e amedrontada, oportunizando a sua efetiva participação nesse dolorido processo de (possível) cura. 

    Se, de fato, o médico fosse capaz de conversar minimamente; tocar o físico e o espírito adoentados dos pacientes e se dignasse de explicá-los o que lhes acometem e a consequente conduta médica a ser tomada (tudo isso com o tempero da empatia, paciência e humanidade), certamente, mesmo diante de uma conduta eventualmente negligente, imprudente ou imperita, o paciente por ele assistido (ou sua família) iria compreender  que este profissional (amigo, zeloso, terno e competente), não saiu de sua casa premeditado a “errar”,  por simplesmente partir da elementar e cara premissa de que médicos são pessoas, de carne e osso, que destinam as suas vidas a salvar outras tantas vidas. 

    Amanda Luna 

  66. Parabéns pela coragem de expor algo tão verdade e de fazê lo de forma contundente e ainda assim quase “poética”.
    Me fez refletir e reavaliar, obrigada!

  67. Dra Ana , incrível sua lucidez e coragem , em colocar o dedo nessa ferida da nossa Medicina , com um texto leve de se ler apesar do tema tão “pesado”. Apesar da minha idade e dos 50 anos de carreira , e já quase saindo de cena , seu texto me estimula a vontade de quem sabe  ainda atuar para tentar de alguma maneira contribuir nessa linha da Slowmedicina ( q escutei hj pela 1ª vez ) . Minha vivencia como Pediatra clínica, sempre foi baseada nessa linha , e deste sempre  lutei contra a massificação das nossas condutas , mesmo sentindo q gritei  no deserto, resisto a aceitar essa “modernidade “  que consome nossa Medicina . Infelizmente ao longo de todos esses anos presenciamos  mais o crescimento vertiginoso da  tecnologia em todos os setores da medicina , que no setor das relações médico paciente isso não foi pra melhor , piora  ou não melhora na mesma proporção da tecnologia… e os protocolos que nos engessam cada vez mais nesse lugar que nunca deveríamos ocupar , o da indiferença , da insensibilidade, da  falta de compaixão, etc,etc…uma lista quase interminável … ainda nos resta a esperança na  Slowmedicina ! 
    Parabéns! 

  68. Dra Ana , incrível sua lucidez e coragem , em colocar o dedo nessa ferida da nossa Medicina , com um texto leve de se ler apesar do tema tão “pesado”. Apesar da minha idade e dos 50 anos de carreira , e já quase saindo de cena , seu texto me estimula a vontade de quem sabe  ainda atuar para tentar de alguma maneira contribuir nessa linha da Slowmedicina ( q escutei hj pela 1ª vez ) . Minha vivencia como Pediatra clínica, sempre foi baseada nessa linha , e deste sempre  lutei contra a massificação das nossas condutas , mesmo sentindo q gritava no deserto, ainda resisto a aceitar essa “modernidade “  que consome nossa Medicina . Infelizmente ao longo de todos esses anos presenciamos  mais o crescimento vertiginoso da  tecnologia em todos os setores da medicina , e no setor das relações médico paciente  nao  foi pra melhor , pelo menos na mesma proporção , e os protocolos continuam aumentando e a nos engessar cada vez mais nesse lugar que nunca deveríamos ocupar , o da indiferença , da insensibilidade, da  falta de compaixão, etc,etc…uma lista interminável … ainda nos resta a esperança na  Slowmedicina ! 
    Parabéns! 

  69. Ilma.Dra.Ana Lúcia

    Sou médico desde 1979. Participo da formação de novos médicos ao exercer o magistério em Fisiologia. Em abril de 2023, experimentei a função de paciente, passando mais de cinco semanas internado, das quais quatro no CTI.
    Sua análise foi magnífica, esplêndida. Tocou fundo. A Semiologia inexiste. Os exames complementares, cujo nome indica o seu objetivo, são feitos diariamente. Alguns dos quais sem o menor objetivo. Não se avalia o paciente como um ser humano passando por um momento complicado em sua existência. Não se avalia sua sensibilidade. Não se avalia seu estado emocional.
    Enfim, um mero número protocolado.
    Parabéns. Sua escrita perfeita faz uma análise de uma boa (grande) parte de nossos hospitais. Em relação a formação médica atual, um outro capítulo.
    Atenciosamente

  70. Excelente e muito corajoso artigo. Uma verdadeira e necessaria aula de ÉTICA . O SISTEMA corrompe principios, porém quem dotado de Principios jamais deverá acomodar-se.. Em todas as areas dos mais diversos servicos, a Postura Humanizada, Sincera, Empática, engrandecem o Prestador e dão brilho ã sua Consciência .

  71. Zuel
    Retrato perfeito da involução da atenção médica nos hospitais e clínicas. Uma triste e bastante completa verdade da desorganização que vem afetando todos os campos do conhecimento humano que infelizmente também chegou à medicina. Quando os velhos e cuidadosos profissionais da saúde se forem, o futuro será negro e caótico, apesar do progresso tecnológico, inteligência artificial, etc., etc.

  72. Doutora elogios sinceros a sua postura. Pergunto: será que somos médicos aos olhos da medicina comercial de hoje. Vivi 46 anos prestando serviços. Apos uma mudança de “ filosofia” passamos de médicos a colaboradores. O sistema passou a exigir cumprimento de metas de faturamento em detrimento ao livre exercício da medicina a qual nos premiava com satisfação e retorno emocional gratificante. Felizmente abandonei o hospital e continuo fazendo o que sempre fiz com especial atenção ao paciente. E nossas entidades o que fazem? Encontros sociais, cabide de empregos, ideologia política , covil de vaidosos ? E a união da classe? Que classe? Será também não somos culpados? Um grande abraço.

  73. Como médico, penso que a Medicina deve sim estar sempre embasada pela ciência e contar com os avanços tecnológicos mas precisa ir além, não perdendo nunca de vista a complexidade psíquica e emocional da pessoa e suas particularidades , sua condição social , familiar e profissional.
    Infelizmente, o que percebo é que de um modo geral, a saúde psíquica e também física dos médicos está em frangalhos.
    Os profissionais médicos estão doentes e sofrendo tanto quanto ou mais que seus pacientes. Nos tornamos reféns de um sistema perverso cujos atores principais são os planos de saúde e a poderosa indústria farmacêutica.
    Ademais, não poderia deixar de lembrar que a espiritualidade nos tempos modernos parece ser algo proibido de se
    pensar , falar e valorizar.

    • Sua percepção é absolutamente alinhada com a realidade. Infelizmente.

  74. Só gostaria de acrescentar que a “resiliência ” dos pacientes se deve ao receio de criar mal estar nos profissionais a entregaram seus cuidados e piorar ainda mais a qualidade de atendimento. Excelente texto, parabéns pela coragem Dotora

    • Concordo.

  75. Maravilhoso e corajoso texto.
    Sou Fisioterapeuta . Atuei num hospital universitário do RJ e sei que cada palavra dita é uma verdade. Infelizmente.
    Não acredito que um dia as coisas mudem pra melhor.
    Parabenizo a Dra. Ana Lúcia.

  76. Lindo e corajoso texto. Muito bem escrito. De uma lucidez maravilhosa (que, naturalmente, vem da expontaneidade de falar a partir do coração). Saio desta leitura, um médico mais fortalecido. Cá comigo penso: encontrei a minha “tribo”; não estou só na minha inegociável forma de exercer a medicina.
    Se nos incide, violentamente, um preço alto por não abrirmos mão de sermos mais “Chimpanzés”, catando, cuidadosamente, com olhos, ouvidos, mãos e coração entregues.
    Qual preço alto? o de sermos tratados, dentro do grande grupo, como “O estranho no ninho”. Para isso há um bem-maquinado aparato repressor que vai deste uma chacota até a perda de empregos e outras medidas controladoras (lembrem-se do… novo setor, “controladoria”). Há infinitos “cala-bocas”. Como a caricatura de um policial fardado parecendo um bujão de gás (na carcaça vão armas de fogo, algemas, “sprays” de pimenta, para os olhos…, armas de choque elétrico e a indiscutível “otoridade” (Importante ressaltar que uso apenas a figura caricata que vemos a cada esquina, para fins ilustrativos. Respeito e admiro essa classe de profissionais que, como nós é diversa e padece das mesmas angústias. Todos nós já nos deparamos com policiais “Chimpanzés” que catam o piolho, com cuidado, e outros que não fazem diferente da lógica… “tirando de circulação o hospedeiro do piolho, tiramos junto, o piolho.
    Manifestemo-nos!
    Ovaciono a Dra. Ana Lucia Coradazzi.

    Estevao Plentz

    • Bem vindo à “tribo” Slow. 🙂

  77. Acredito que os fatos descritos, que realmente acontecem na vida real, merecem ser avaliados com profundidade. No Brasil existem Faculdades de Medicina e “faculdades de medicina”, ou seja, a qualidade das escolas varia muito, desde escolas tradicionais onde os alunos tem contato com pacientes durante todo o curso, até escolas novas, em que os alunos terão contato com pacientes apenas no último ano do curso. O Brasil merece uma atenção maior sobre a qualidade das atuais escolas de medicina. Talvez o caminho será uma prova para exercer a Medicina, tipo a prova da OAB para os Advogados. Uma lástima, mas diante dos fatos devemos nos questionar se os médicos estão realmente habilitados para o exercício da profissão, para além dos diplomas.

  78. Excelente !
    Parabéns!

  79. Muito bom ver que está tudo documentado e nada escondido! Nós achamos que não estamos fazendo isso – pelo menos os médicos não especialistas e “pacientes” como eu, em fase madura da carreira escolhida por vocação- mas é sempre bom nos questionarmos! Afeto faz parte do tratamento e eu não dou muita bola quando o próximo paciente reclama que atrasei…

  80. Muito boa essa “explicação” .
    Toca nos pontos nevrálgicos da medicina atual 
    É muito triste ver essa dura realidade 

  81. Sou interna em uma UPA em NATAL – RN e graças a Deus diferente desse texto os preceptores das salas, amarela e vermelhas, bem como da pediatria faz muito bem as evoluções . Estamos aprendendo muito e presenciamos todos os dias o cuidado que nossos preceptores tem com os doentes. Não posso tambem deixar de comentar sobre a enfermagem que estão sempre perguntando e tirando duvida com o médico antes de efetivar as condutas, Tem ainda a equipe de fisioterapeutas que nos ajuda com os exames cardíacos e pulmonares. tenho muita sorte de ser interna nesse ambiente. Fico um pouco triste que nem todos os pacientes tem essa qualidade de atendimento.

    • Que bom que você está tendo essa oportunidade de aprender do jeito certo. Não se esqueça que o “mundo real” é um pouco diferente (ou muito), e você vai precisar resistir. Resistir vale muito à pena. Bem vinda à Slow Medicine.

  82. Concordo com tudo o que foi escrito… infelizmente os profissionais de todas as áreas da saúde não perceberam que fomos “criados”, nas faculdades, para esperar os pacientes adoecerem. Depois disso, para usar estratégias majoritariamente sintomáticas, ou seja, que não restauram a capacidade das células, dos órgãos em funcionar melhor, simplesmente por que a eles não damos o que eles necessitam, daquilo que são formados… Sou famracêutico bioquímico e nutricionista. O corpo não é formado, construido por medicamentos, mas por nutrientes. ponto. Uma mudança de paradigma precisa existir para que se enxergue uma luz neste caos que vivemos.

  83. …e um sorriso, se não for pedir muito). Esse mínimo provavelmente bastaria para evitar riscos desnecessários, excessos e, claro, muita angústia. E talvez permitisse que nossas chances de sobreviver ao hospital fossem – quem sabe? – um pouco menos assustadoras…. que esse mínimo seja a esperança de um futuro melhor e que não acabe nunca, somente aumente e mude a realidade hoje presente. Parabéns por descrever com tanta clareza a atualidade e mantendo a esperança!

  84. Parabéns Dra. Ana Lucia pela mensagem que dá vida aos seus nobres pensamentos enraizados em sua visão e entendimento do que é Ser Médica(o). Parabéns aos colegas que entendem esta mensagem

  85. Já vi muitas pessoas dizerem . Não me levem para um Hospital, deixem me em casa . Sabemos o porquê. 

  86. Sou médica. Certamente, se houvesse uma cadeira ao lado de cada leito, onde o médico pudesse se sentar e conversar com o paciente, com maior proximidade física e mais tempo, os cuidados já melhorariam em muito!

    • Muitas vezes a cadeira está lá… e ninguém senta nela.

  87. Lucidez solar na percepcao do _hospitalismo_ _high-tech_, _robóide_ que acumula em suas entranhas/engrenagens o paciente, ainda humano e médicos (na sua maioria) ainda tentando se manter humanos…! Pacientes e médicos, ainda humanos, unam-se em torno de instituições sérias  de defesa da humanidade, fortalecendo-as para manter os hospitais como cenário de ajuda, muita ajuda, fazendo com que a _biotech_ sirva somente  de instrumento  ético para esses que ajudam pacientes!

  88. Diagnóstico perfeito da nossa realidade em nossas condutas e práticas da medicins

  89. Dra. Ana, como sempre cirúrgica em toda sua análise, realmente os hospitais maquiam tudo em favor de uma acreditação, que quando vejo emoldurado na parede. Só indago, como pode ter sido acreditado? Precisamos de médicos slow, médicos com raciocínio clínico, que gostem de gente, que tenha compaixão e empatia, que lutem pelo paciente!
    Quando iniciei a leitura, lembrei de um artigo divulgado está semana para a mídia, que muitos pacientes da UTI, lá foram admitidos, diante de erros evitáveis dentro da unidade hospitalar.

  90. Não sou médica. Velha, cada vez mais me aproximo das estatísticas das doenças e das chances de internação. Mas, cada vez mais  sei que devo lutar para não deixar nas mãos dos médicos e hospitais a decisão sobre minha vida. As decisões serão minhas também . Tenho aprendido isso com alguns médicos que tenho e com vocês da slow medicine

    • Que depoimento importante, Marilena. Obrigada!

  91. Lindo e angustiante! Como conseguiu colocar em palavras um sentimento diário como profissional e por experiências pessoais vividas com internações hospitalares na família atualmente…

  92. Parabéns à colega Ana Lucia pelo texto.
    Simplesmente real e preocupante.

  93. Nós fingimos que estamos cuidando. Os pacientes fingem que se sentem cuidados. ☹️☹️☹️☹️

  94. A mercantilização da medicina é uma grande ameaça a todxs nos!!!

  95. O verdadeiro relato da dura realidade

  96. Texto excelente e extremamente necessário. Parabéns pela coragem e disposição da denúncia! 

  97. Não sou médico, aprendi quando na decada de sessenta tive que escolher minha profissão a importância da vocação, no caso do estudo da medicina é ainda mais sério, essa escolha deixou de ser por vocação?

  98. Minha querida ANA LUCIA CORADAZZI, companheira da FCMBB, minhas homenagens pela sua atitude corajosa em dizer a verdade VERDADEIRA, Continue sempre em frente com a sua autenticidade. Não a conheço pessoalmente, mas sou do tempo do CORADAZZI. Beijos. Mércia Lúcia de Melo Neves Chade.

    • Olha só! Um mundo pequeno mesmo!

  99. Reflexão tão necessária!

  100. Irretocável! Parabéns colega e filha de outro colega também de Botucatu..( ou me engano?)

  101. Parabéns à autora! Postura tão rara que seu testo se transforma numa denúncia corajosa, pois não tenho dúvidas, que até para escrever tantas verdades é necessário uma certa ruptura!!! O triste é não conseguir enxergar mudanças para melhor!!!! 

  102. Difícil, necessário e brilhantemente escrito. Parabéns!!!

  103. Difícil, necessário e brilhantemente escrito.

  104. É com tristeza que assino embaixo. Dura realidade de uma não Medicina.

  105. Perfeito. Há muito tempo tenho me sentido angustiada com isso e a gravidade da situação se descortinou quando me despi da condição de médica e acompanhei minha mãe, octagenária, em uma internação e pude ver a incapacidade  da equipe, com suas pranchetas de papeis ou tablets com formulários para serem preenchidos, em ver a paciente e as suas necessidades. Chegou ao cúmulo de um membro da equipe entrar no quarto com uma prancheta de papeis e perguntas que já tinham sido feitas várias vezes naquele  dia,  me ver (ou não ver) agachada ao lado de minha mãe sentada no sofá, molhada pois tinha acabado de sair do banho, tentando socorre-la pois o abcesso que a levou a hospitalização drenava pus. A profissional, que parecia não querer ver a situação, insistia nas perguntas totalmente fora do contexto e repetitivas e queria as respostas para preencher o seu formulário e enviar para a acreditação.  A minha única alternativa foi levantar minha voz, pois senão ela não me ouvia e insistia em suas perguntas, pedir que saísse e  que me mandasse alguém com gaze e soro fisiológico para limpeza. E ainda lembrei que se constava no quadro de identificação da minha mãe que ela tinha risco de quedas, aquilo não era só para constar e que ninguém tinha nos orientado até o momento como previni-las e que aquela situação, por exemplo, era de risco. Minha mãe deixou o hospital e até hoje diz jocosamente quando alguém critica uma situação ocorrida nos hospitais: “são os protocolos”.

  106. Perfeito. Há muito tempo tenho me sentido angustiada com isso e a gravidade da situação se descortinou quando me despi da condição de médica e acompanhei minha mãe, octagenária, em uma internação e pude ver a incapacidade  da equipe, com suas pranchetas de papeis ou tablets com formulários para serem preenchidos, em ver a paciente e as suas necessidades. Chegou ao cúmulo de um membro da equipe entrar no quarto com uma prancheta de papeis e perguntas que já tinham sido feitas várias vezes naquele  dia,  me ver (ou não ver) agachada ao lado de minha mãe sentada no sofá, molhada pois tinha acabado de sair do banho, tentando socorre-la pois o abcesso que a levou a hospitalização drenava pus. A profissional não parecia ver a situação, insistia nas perguntas totalmente fora do contexto e repetitivas e queria as respostas para preencher o seu formulário e enviar para a acreditação.  A minha única alternativa foi levantar minha voz, pois senão ela não me ouvia e insistia em suas perguntas, pedir que saísse e  que me mandasse alguém com gaze e soro fisiológico para limpeza. E ainda lembrei que se constava no quadro de identificação da minha mãe que ela tinha risco de quedas, aquilo não era só para constar e que ninguém tinha nos orientado como previni-las e que aquela situação, por exemplo, era de risco. Minha mãe deixou o hospital e até hoje diz jocosamente quando alguém critica uma situação ocorrida nos hospitais: “são os protocolos”.

  107. Perfeito. Leiam também , MEDICINA DEMAIS PODE PREJUDICAR PESSOAS SADIAS.
    E O DOENTE IMAGINADO.E
    A VERDADE DA IND. FARMACEUTICA.

  108. Análise certeira. Parabéns pela coragem.

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